BORZEGUIM
Um meu borzeguim Que pra mim, ficou apertado Me foi dado por d Isaurinha Pois pra o filho dela não servia mais Mas me foi de mais de útil E foi também muito útil Para o meu irmão mais novo Pois foi ele quem ficou encarregado De varrer o terreiro pra tia Lola Engraçado, tia Lola só me Dava uma pinha, se eu Varresse o terreiro pra ela Já a Maria do Jovino Que era considerada sovina Sempre me dava um ovo Sem querer nada em troca Mas todas me queriam bem E eu, queria mais bem a elas Tô falando tudo isso Pra falar da Branca do Cazuza Essa, além de me querer bem Queria o meu bem também Foi ela, que me aconselhou A vir embora pro São Paulo E sem pedir avalista Me emprestou dinheiro, pra Eu pagar quando pudesse Contanto que eu viesse Em busca de uma vida melhor Pra não precisar viver por lá Com a cara amarga de fome E as calças amarradas com caroá Usando borzeguim emprestado Pra não ter que pedir um ovo Pra completar o almoço Não preciso mais disso Graças a DEUS (e à Branca do Cazuza)! Mas a saudade delas todas Judia mais do que a fome Queima mais que andar descalço Na terra quente S. Paulo, 14/05/2019 CORDEIRO de ITIÚBA
Enviado por CORDEIRO de ITIÚBA em 29/06/2019
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