CORDEIRO de ITIÚBA

Consulte antes um POETA

Textos

A PELEJA DE COLLOR
A PELEJA DE COLLOR

Vou contar para os amigos
E quem mais der atenção
A história de um político
Que envergonhou a nação
Não é um incidente em antares
Mas queria que o Jô Soares
A levasse pra televisão

A saga desse cidadão
É para a você cidadão alertar
Tome muito cuidado
Na hora em que for votar
Atente para a narração
Pois ele mesmo fez questão
Da sua história contar

- Minha gente! Queiram escutar
Prestem muita atenção
Estudei em Nova York
Diplomei-me no Japão
Assumirei um compromisso
E se ninguém fizer feitiço
Acabarei com a inflação

Esta é a minha obrigação
Meu esforço não se limita
Farei tudo ao pé da letra
De forma boa e bonita
Sou faixa preta em caratê
Já fiz ponta até em tv
Num canal da Costa Rica

A oposição me critica
Zombando, faz pouco caso
Mas eu dou minha palavra
E nem um dia eu atraso
No primeiro tiro que eu der
O dragão dá marcha à ré
Pois meu chumbo, é um arraso

Não pensem que é acaso
Hoje é posse, chegou o dia
Estou ligeiramente nervoso
Mas é isso que eu queria
Tem chefe de toda nação
Pela boca, saindo o coração
Eu sou querido e não sabia

Ao meu lado o PC Faria
É da mais extrema  confiança
A Zélia foi convocada
Vai confiscar a poupança
Pra detonar a inflação
Até no bom Frei Damião
Depositei minha esperança

Quem espera sempre alcança
Aguenta aí, minha gente
Ainda não matei a fera
Mas ela já está doente
Com mais um golpe (mortal)
Ela então tombará afinal
E todos ficarão contentes

Enquanto eu for presidente
Os descalços e descamisados
Não ficarão à deriva
Jamais serão explorados
Só peço, não tenham pressa
Cumprirei à risca a promessa
Que fiz aos aposentados

Serão todos contemplados
Com uma governança eficaz
Ministros super competentes
Nos ministérios principais
Farei disto uma nova nação
E prenderei todo ladrão
De Brasília e de outras capitais

A oposição, não me dá paz
Porque meu plano não deu certo
Dizem que o governo é corrupto
Que o PC, é muito esperto
Um romance mais que normal
Entre a Zélia e o Cabral
Acham socialmente incorreto

Estou como que no deserto
Sem ter com quem contar
A globo que me apoiava
Agora só tem olhos pro Itamar
Até Pedro, que é meu irmão
Me denunciou à nação
Num complô pra me derrubar

Mas não vou renunciar
Há muito trabalho pela frente
Meus eleitores em Canapi
Sabem que eu sou inocente
Serei aclamado pelo povo
À presidência, volto de novo
Com meu governo competente

Não me deixem só minha gente
Faço aqui um apelo à nação
Vistam-se de verde e amarelo
E saiam com a bandeira na mão
Mostrem a estes esquerdistas
Que o povo é e está otimista
E não quer um governo tampão

Somente o Edson Lobão
Tem sido meu fiel amigo
Também o Roberto Jefferson
Está me livrando do perigo
No mais ninguém dá a mão
A um bom e honesto cidadão
Está parecendo um castigo

Estou sentindo o perigo
As ruas movimentadas
Muitos vestidos de preto
Outros com as caras pintadas
Suspeito que é o fim do sonho
Ficará aí o dragão medonho
Assustando meus camaradas

Acabou! Perdi a parada
Vou embora, fica a inflação
Mas nunca fiquei alheio
Lutei como político e cidadão
Mas não pensarei em vingança
Continuarei com a esperança
Que o tempo, é senhor da razão

Contei aqui minha versão
Omitindo algum fato? Talvez
Relembrem bem o episódio
Deixo a cargo de vocês
Eis aqui parte do meu ódio
Impublicável num simples papel
Reduzi neste livro de cordel
O que vivi naquele ano de cão

S. Paulo, 08/1996
www.cordeiropoeta.net







CORDEIRO de ITIÚBA
Enviado por CORDEIRO de ITIÚBA em 22/02/2018


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras
Tweet